ETNOGRAFIA
Dividido em três comunidades distintas: piscatória, agrícola e urbana, o concelho da Póvoa de Varzim apresenta uma diversidade de usos e costumes que, em lugar de servirem de motivo de separação, unem os poveiros num forte sentimento de bairrismo. Beiriz, incluída na comunidade agrícola, teve a cultura do linho como principal atividade agrícola da aldeia durante os séculos XVII a XIX e desenvolveu durante o século XVIII, o ofício de pedreiro. Pode saber-se pelo Arquivo paroquial de Beiriz, livro de atas da junta (1878-1884), f. 69 e seguintes que em 1879 havia na freguesia noventa e três pedreiros, dezoito carpinteiros, vinte e nove lavradores, quatro proprietários, cinco renteiros, cinco seareiros e um serrador.
A linguagem dos Erguinas
Desde o período que medeia 1592 e 1830 e que se prolongou até aos nossos dias, esta freguesia manteve sempre a sua feição rural e podemos apresentar os seus moradores distribuídos em classes de: lavradores (exploração exclusiva da terra), lavradores-artesãos (ao cultivo do campo juntavam a prática de certos ofícios como carpinteiros, pedreiros, ferreiros, moleiros, etc), operários, classe já muito numerosa nos fins do século XVIII trabalhando nas obras públicas ou particulares e dos serviçais ou criados que prestavam serviços ao seu amo mediante “soldada” estabelecida por contrato oral.
Dentro das caraterísticas rurais que sempre apresentou esta “região, houve, todavia, uma mudança no que respeita ao predomínio de classes. À maioria de lavradores deu lugar nos nossos dias a uma maioria de operários. Parece que esta transformação na vida prioritária das classes se teria ficado a dever, pelo menos assim comentam os historiadores da vida portuguesa a um “defeituoso regime de propriedade”, que não dando estabilidade ao lavrador lhe deixava como recurso emigrar, assim acontecendo muito particularmente para o Brasil. Há conhecimento, porém, que a Galiza não foi local estranho a essa emigração. Ora acontecia que nem todos poderiam emigrar pois toda a problemática que envolve este processo dos nossos dias, existia já, embora dentro de outro contexto. É sabido, no entanto que desde o século XVIII se desenvolveu extraordinariamente o ofício de pedreiro talvez porque se haja verificado um surto de construção civil e também porque a freguesia era dotada de abundantes pedreiras. Pode saber-se pelo Arquivo Paroquial de Beiriz, livro de atas da junta (1878-1884), f. 69 e seguintes que em 1879 havia na freguesia noventa e três pedreiros. A linguagem dos pedreiros – erguinas – objeto de estudo de José Alberto Linhares Vieira, trata-se de uma linguagem a nível de grupo social, sem estrutura cuidada e sem base gramatical científica. Esta deve-se à necessidade que a classe possuía de manter conversação durante o tempo de trabalho, de se avisarem da presença do mestre, e ainda de se poderem falar sem serem percebidos."
Rancho Folclórico De Santa Eulália De Beiriz
O Grupo Folclórico Santa Eulália de Beiriz foi fundado em 18 de outubro de 1979. O grupo surgiu por brincadeira “em Beiriz ia ser inaugurada uma rua que tinha sido pavimentada, fez-se um cortejo e convidou-se um rancho de fora para abrilhantar a festa. Nessa altura o senhor Mário da Silva Ferreira lançou o desafio para a criação de um rancho na freguesia. A palavra foi passando de boca em boca, café em café e juntaram-se alguns amigos, arranjaram-se verbas, fez-se uma pesquisa dos trajes e dos costumes e assim surgiu o rancho”, afirma Mário Fernandes, atual presidente do Grupo Folclórico. Formado por cerca de 40 elementos, é um grupo rural de feição minhota. Relativamente aos instrumentos é de destacar a concertina, o acordeão, os ferrinhos, o bombo, a pandeireta, o cavaquinho, a viola, as castanholas e o reco-reco. Os trajes representados no Rancho são o de Lavradeira, Ceifeira, Domingueiro, Noivos, Feirante e Pedreiro.