3.2.2 Rancho das Carvalheiras

Etnografia

Pertencente à comunidade com características agrícolas, Argivai apresenta usos e costumes diferentes das comunidades com características piscatórias e urbanas. José Gonçalves Martinho classifica o lavrador poveiro, dizendo: “O aspeto físico do lavrador deste concelho, não difere nada dos restantes minhotos da planície. Trabalhadores incansáveis, o seu aspeto ressente-se talvez desse excesso de trabalho, contudo rijos, enérgicos e, sobretudo, de capacidade de trabalho admirável.” (in “O Concelho da Póvoa de Varzim sob o ponto de vista agrícola”, 1920)

Rancho Folclórico Das Carvalheiras De Argivai

Rancho de raiz piscatória, fundado em 1985. No vestuário predomina o preto e axadrezado (o preto simboliza o luto dos familiares mortos no mar, e o axadrezado tecido típico das camisolas, ceroulas e saias do povo do mar). As danças são compostas por cantares de entre Douro e Minho, embora adaptadas ao folclore. Esteve algum tempo inativo até ser reestruturado a 6 de dezembro de 1990, ano em que foi constituído como associação por escritura pública pelo 2º Cartório Notarial da Póvoa de Varzim. A sua primeira atuação realizou-se a 28 de abril de 1991, num festival organizado pela Direção do Grupo.

Atualmente, o rancho encontra-se inativo.

3.2.1 Etnografia
3.2.3 Festa da Hera

Dia do Anjo

A Argivai está associada a uma importante tradição poveira: Dia do Anjo, Segunda Feira do Anjo, Anjo ou Festa da Hera. Aí se realiza, na segunda-feira de Páscoa, pelas famílias poveiras, um gigantesco e alegre piquenique nos campos e bouças. Este ritual está tão enraizado nos hábitos da população que o dia é tido como feriado municipal. “Outrora, no “dia da ida ao Anjo” as donas de casa se atarefavam na preparação do merendeiro. A meio da manhã era uma corrida para Argivai. A pé, de automóvel e nas “carreiras” que partiam do Largo das Dores. Escolhida a sombra protetora dos pinheiros e eucaliptos, enquanto os mais velhos jogavam à péla, os mais novos brincavam e os adolescentes procuravam um local recatado para instantes de namorico. Quando o apetite despertava nos estômagos gulosos, desfaziam-se os farnéis, colocando os manjares nas toalhas estendidas, o pão cortado em fatias e os garrafões de vinho. Após a refeição, a alegria geral contribuía para o convívio, associando-se os grupos vizinhos em cantigas e danças de roda. O ar cálido e perfumado da Primavera inundava os corações dos jovens pescadores que se preparavam para partirem para a pesca do bacalhau, nos longínquos mares da Terra Nova. Promessas de amor, juradas em voz ciciada, fremente de paixão e saudade, encontravam eco promissor na chilreada da passarada que voava inquieta com a presença dos intrusos que invadiam seus domínios. O sol, aproximando-se do acaso, tingia o céu com um tom púrpura, as pessoas regressavam a casa e as “carreiras” faziam “fanico”, num vaivém constante, trazendo os poveiros cansados, mas felizes.” (Borges, J. Monografia do Concelho da Póvoa de Varzim. Coleção “Na Linha do Horizonte – Biblioteca Poveira” nº 27. Município da Póvoa de Varzim, 2014. ISBN 978-972-9146-84-8).

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